segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Você consegue viver plenamente?

Para ser, temos que ter coragem. Quando funcionamos como pessoa emitimos opiniões, tomamos decisões, atuamos, e isto pode agradar ou desagradar pessoas. Ou aprendemos a ser e não ligar para pessoas que se melindram com o nosso jeito de ser, ou nos encolhemos na tentativa de agradar e perdemos o rumo da vida e do ser (existir).

É provável que não muitas pessoas consigam ser plenamente. É possível que uma grande parte delas, inconsciente ou conscientemente, acabem deixando algo de seu ser (pessoa) de lado por motivos diferentes. Os indivíduos mais agressivos na vida, reivindicam coisas e podem conseguir mais espaço, mais benefícios, mais crescimentos material, mas podem perder na qualidade da afetividade. Os menos agressivos não sabem se defender bem, perdem coisas materiais com mais facilidade até porque podem produzir menos ou não reputam bem o seu valor ou o valor de sua produção, mas podem ganhar quanto à sintonia para com o lado afetivo da vida. Mas isto é variável.

Aprendemos (ou não) a ser uma pessoa dentro da família onde crescemos. Algumas famílias favorecem o crescimento da criança, do ponto de vista do comportamento, enquanto que outras impedem isto pelas atitudes c ontroladoras, ditatoriais, super-liberais, pelo abandono (físico e/ou emocional), etc.

Crianças sensíveis vivendo numa família disfuncional, aprendem que para obter afeto, aceitação, valorização de seus pais ou cuidadores ela precisa se tornar “alguém”diferente. Ao tentarem ser o que são se sentem ameaçadas de não ganhar nada e, assim, terem um sofrimento emocional imenso, variado na qualidade e quantidade (gravidade). Daí vão desistindo de ser o que seria o seu natural. Vão se adulterando. E, claro, isto é um processo muito sutil e inconsciente ao longo da infância.

Uma criança aprende a não ser, para poder ser alguém na existência. Explico, nas palavras de John Bradshaw (A Criação do Amor, p. 27e 28, Editora Rocco): “Uma criança cujos sentimentos, pensamentos e desejos estão sendo controlados e medidos aprende que só interessa ao pai [ou mãe] quando não é ela mesma. Isto acarreta confusão; neste estado de confusão, a criança inevitavelmente tem outro pensamento: só gostam de mim quando não sou eu mesmo. Este pensamento gera uma raiva autodefensiva. A raiva nos dá a energia e a força necessárias para nos protegermos. No entanto, sentir raiva de um dos pais é sempre ameaçador para uma criança. Assim, para dispersar essa ameaça, a maioria das crianças cria uma falsa identidade para agradar a seus pais. As crianças mais fortes, no entanto, rebelam-se e intensificam sua raiva....Uma vez que começamos a acreditar que somos esta falsa identidade, não sabemos que não sabemos quem somos.” (itálicos do autor)
Duas perguntas muito difíceis de serem respondidas por uma maioria das pessoas surgem dessa reflexão: “Quem sou eu?” , e “O que quero?”

Talvez a solução para esta perda do eu, da identidade emocional, seja arriscar a ser aquilo que é a necessidade produtiva e abandonar a necessidade de afeto que pode ainda existir de uma maneira obsessiva, egoísta, aceitando que o afeto ideal não é possível ser obtido nesta existência e valorizando o que existe de amor na realidade.
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Recebido através de e-mail (Mirian Cortez)


Um comentário:

  1. Sábias palavras...gosto muito de ler seus post´s...Parabéns!

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