terça-feira, 8 de março de 2011

Terapia da Pornéia - Combate Físico (Fugir das ocasiões)


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4) Fugir das ocasiões
Nos vários tratados da espiritualidade, um dos aspectos recordados na defesa da castidade é a fuga prudente das ocasiões de perigo. E, como, geralmente encontramos este conselho em obras escritas para monges celibatários do sexo masculino, o leitor moderno poderia se escandalizar por encontrar certa aversão às mulheres. Trata-se apenas de um detalhe que podemos compreender, em razão do contexto monástico, e tudo isto pode ser reescrito para mulheres celibatárias com o mesmo teor. A fim de que a concupiscência não seja incitada a se satisfazer, urge afastar do corpo qualquer figura ou objeto capaz de seduzi-lo.

5) Guardar os sentidos
Uma vez que não vivemos isolados como os eremitas, é importante guardar rigorosamente os sentidos, especialmente o olhar e o tato. Quem crê que pode ler tudo e ver tudo se recusa a dominaram a própria imaginação e suas necessidades afetivas. Na era da Internet, da televisão e do cinema, é necessário mais do que nunca escolher aquilo que vemos, para não transformar o nosso mundo exterior numa lata de lixo. E, apesar de escolhermos o que assistiremos, devemos saber limitar a quantidade. Neste sentido, a televisão e a internet com “hábito noturno”, devem ser evitadas. Ainda que as imagens sejam bem escolhidas, é sempre um ritual passivo pelo qual a pessoa se deixa influenciar por imagens agradáveis e isto, com o passar do tempo, gera insatisfação e indolência. Não se trata aqui de demonizar tal hábito, mas de conscientizar-se de que a nossa formação ou deformação se realiza com estas pequenas escolhas. O controle do tato também é importante. A atitude espiritual diante do toque depende das diferentes culturas e da sensibilidade de cada pessoa. Por isto, se quiser encontrar um critério objetivo, seria oportuno que cada um observasse com sinceridade as conseqüências dos contatos gestuais nos sinais do corpo e da própria fantasia. Santo Agostinho nos dá um exemplo desta transparência que se deve ter consigo mesmo.

Sobrevivem ainda na minha memória as imagens daqueles prazeres, agravados pelo costume. Quando acordado, elas não têm força, mas, durante o sono, chegam não somente a suscitar em mim o prazer, mas até o consentimento e a semelhança da própria ação. É tão poderosa a ilusão daquela imagem no meu espírito e no meu corpo que no sono, falsas visões me impelem a atos que a própria realidade não me leva a fazer quando acordado. Senhor meu Deus, nestes momentos será que não sou eu?

Por isto, não se pode acreditar na mentira demoníaca de que a falta de modéstia no olhar e nos toques seja um pecadinho menor. “Um abismo chama outro abismo” (Sl 42 {41}, 8).
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Pe. Paulo Ricardo, in “Um Olhar que Cura”.

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