Jejum e Refeição: Atitudes Espirituais

Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus

(1Cor 10,31)

O jejum não tem o condão de nos levar a passar fome, vez que a fome não santifica ninguém. Só colheremos fruto com o jejum, se este vir acompanhado de uma atitude espiritual. O pecado não está no alimento, mas no desejo.1 Nas nossas atitudes, a intenção não deve ser tida como simples "detalhe", da mesma forma que na alimentação. Vale dizer que, tanto a pessoa sadia e a que é acometida de gastrimargia podem ingerir os mesmos alimentos nas mesmas quantidades, a diferença consiste na idolatria cometida pela pessoa "doente".

No uso legítimo do casamento e na fornicação, o ato é o mesmo, é a intenção que faz a diferença: no primeiro caso, a união tem por objetivo ter filhos, no segundo, é para a satisfação de um prazer. Da mesma forma, no uso dos alimentos, é a mesma ação de comer por necessidade e comer por prazer, mas o pecado está na intenção.2

Ao tomarmos os alimentos, é necessário que tomemos cuidado porque a nossa atitude espiritual é que provoca a desordem (gastrimargia). O que se deduz que a prática de jejum deve promover em nós, mudanças de atitude espiritual frente à comida e à bebida. Importante ressaltar que a fome não santifica ninguém, daí a necessidade da ação de graças diante dos alimentos. Ao tomarmos os alimentos em ação de graças, ratificamos que a refeição não é apenas uma realidade funcional e, sim, celebrativa. Os nossos compromissos de trabalho, a correria do dia a dia, nos impele a sermos clientes assíduos dos fast food em nossas principais refeições. Seria importante que não deixássemos que essa realidade invadisse as refeições em familia nos domingos, feriados e ocasiões especiais... Por isso, a necessidade da oração antes de todas as nossas refeições. E, como nos ensina o Pe. Paulo Ricardo: (...) não é um luxo burguês cobrir a mesa com uma toalha, ornamentá-la com flores, usar guardanapos de pano e copos de vidro. Podemos e devemos observar nossa criatividade para celebrar a bondade do Criador e a alegria de estar com os irmãos.3

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1. Op. Cit.p. 67
2 Idem. p. 68
3. Bis in Idem. p. 69,71.