sábado, 25 de setembro de 2010

Como e porque invocar a Deus?


E como invocarei o meu Deus, ó meu Deus e meu Senhor? Pois, ao invocá-lo, eu o chamarei para dentro de mim. Que lugar haverá em mim, onde o meu Deus possa vir? Onde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e a terra? Há, então, Senhor meu Deus, algo em mim que te possa conter? E o céu e a terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes de te conter? Ou então, visto que sem ti nada existe daquilo que existe, será que tudo que existe te contém? Portanto, já que eu de fato existo, porque tenho de pedir tua vinda a mim, a mim que não existiria se não estivesses em mim? Eu ainda não estive nas profundezas da terra e, no entanto, tu aí também estás. Pois, mesmo que eu desça às profundezas da terra, aí estás. Pois eu não existiria, meu Deus, eu de forma alguma existiria, se não estivesses em mim. Ou melhor, eu não existiria se não existisse em ti, de quem tudo, por quem tudo, em quem todas as coisas existem? É assim, Senhor, é assim mesmo. Para onde te chamo, se já estou em ti? De onde virias para estares em mim? Para onde me afastaria, fora do céu e da terra, para que daí viesse a mim o meu Deus, que disse: o céu e a terra estão cheios da minha presença?
(Santo Agostinho, in Confissões, Livro I)

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