Nesse mundo-escola não cabe o ideal, cabe o possível. Buscar aqui a perfeição ideal é quimera que faz sofrer e causar sofrimento, por ser impossível, pois não aceitamos, em profundidade, a nós mesmos e rechaçamos a realidade alheia, já que, em geral, nós a vemos ainda mais imperfeita.
São raros os seres que admiram, sinceramente, as qualidades alheias, sabendo separar e compreender que ao lado do vício também há virtude e vice-versa.
Regra geral, porque idealizamos tudo e todos; queremos oito ou oitenta.
Ou a criatura é perfeita ou é imoral; se for perfeita, a mais leve escorregadela basta para lança-lá na conta de moral, esquecidos de que, sobre a Terra, encarnamos e reencarnamos tantas vezes quantas forem necessárias, para construir em nós a perfeição relativa ao grau de desenvolvimento espiritual que ela comporta, e no qual o ideal pleno, a perfeição absoluta, não é possível.
Por aqui andamos buscando nos descobrir, saber quem somos; conhecer-nos, saber como funcionamos e, com esse conhecimento, desenvolver em nossas personalidades o equilíbrio e os caminhos para uma futura unidade interior.
Precisamos abandonar condutas e visões extremadas.
Não conheço ninguém, eu mesmo nunca consegui manter uma conduta única; nós oscilamos entre esses extremos, somos capazes de ambos e o fazemos, às vezes, juntos: rimos e choramos na mesma hora; sentimos prazer na dor e dor no prazer; vivemos em paz desde que nada nos agaste, ninguém nos incomode, pois aí a cólera mostra que tem casa dentro de nós.
Ser perfeito como Deus. Será possível?
Jesus usava com freqüência uma linguagem forte para chamar a atenção. Talvez Ele quisesse dizer apenas dizer que devemos ser criaturas cheias de amor, afinal, Deus é amor em plenitude e abundância. O amor liberta, quando bem entendido e vivido. É o sentimento capaz de nos conduzir da dualidade à unidade, de dosar e transformar nossos extremos em caminhos do meio.
Foi isso, Senhor, que quiseste dizer? Estou no caminho certo? É correto pensar que o amor é o sentimento que irá clarear e iluminar meu íntimo, que de dará equilíbrio...?
(In, O Quarto Crescente)
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