sábado, 8 de janeiro de 2011

Era uma vez um pássaro...

Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram para o céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro. Mas então pensou:talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes!
E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro. E sentiu-se sozinha. E pensou:"Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá." O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguite, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola. Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentavam:"Mas você é uma pessoa que tem tudo."
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se:como tinha um pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhado, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava da gaiola. Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. "Por que você veio?", perguntou à morte.
"Para que você possa voar de novo com ele nos céus", respondeu a morte.
"Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."
(Paulo Coelho, in Onze Minutos, Do Diário de Maria)

2 comentários:

  1. Rô, esses teus post´s, continuo te amando guria
    bjs
    Juliano (RS)

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  2. Ju, meu lindo!! saudades... a d o r o te encontrar por aqui...nos veremos, breve!
    linda tarde! intemasvê!

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