quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Deus está em todas as coisas e nenhuma o contém


Portanto, cabes tu no céu e na terra, visto que os enches com a tua presença? Ou, enchendo-os, resta ainda alguma parte de ti, por não te conterem? Por onde difundes o que resta de ti, depois de repletos o céu e a terra? Ou não tens necessidade de ser contido em alguma coisa, tu que tudo conténs, visto que as coisas que enches, as ocupa contendo-as? Não são, pois, os vasos cheios de tu que te tornam estável porque, ainda que se quebrem, não te derramas; e quando te derramas sobre nós não és tu que te baixas, mas nós que somos elevados a ti; não te dispersas, mas nos recolher a nós. Mas tu, que tudo enches, o fazes com todo o teu ser. E já que o universo inteiro não pode conter todo o teu ser, conterá somente uma parte? E todos os seres conterá a mesma parte, ou cada um conterá uma, os seres maiores a parte maior, os menores a menor? Mas há em ti partes maiores e partes menores? Ou estás inteiro em toda parte, e nada existe que te contenha inteiramente?
(Santo Agostinho, in Confissões. Livro I)

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